LESÃO NERVOSA PERIFÉRICA
CIRCUITO MÚSCULO-CÉREBRO
Os nervos estão conectados e comunicam seus sinais através de sinapses. O movimento de um músculo envolve duas vias nervosas complexas: a via nervosa sensitiva até o cérebro e a via nervosa motora até o músculo. Esse circuito é composto por doze etapas básicas, as quais são indicadas a seguir.
Os receptores sensitivos da pele detectam as sensações e transmitem um sinal ao cérebro.
O sinal é transmitido ao longo de um nervo sensitivo até a medula espinhal.
Uma sinapse na medula espinhal conecta o nervo sensitivo a um nervo da medula espinhal.
O nervo cruza para o lado oposto da medula espinhal.
O sinal é transmitido e ascende pela medula espinhal.
Uma sinapse no tálamo conecta a medula espinhal às fibras nervosas que transmitem o sinal até o córtex sensitivo.
O córtex sensitivo detecta o sinal e faz com que o córtex motor gere um sinal de movimento.
O nervo que transmite o sinal cruza para o outro lado, na base do cérebro.
O sinal é transmitido para baixo pela medula espinhal.
Uma sinapse conecta a medula espinhal a um nervo motor.
O sinal prossegue ao longo do nervo motor.
O sinal atinge a placa motora, onde ele estimula o movimento muscular
DEFINIÇÃO:
A neuropatia periférica (lesão de um nervo periférico) é uma síndrome caracterizada por uma disfunção dos nervos periféricos
ALTERAÇÕES:
perda da sensibilidade
atrofia musculares
alteração do funcionamento dos órgãos internos
MONONEUROPATIA
Definição
conseqüência de uma lesão localizada num único nervo periférico
Causas
aberta
suja : faca, vidro ou estilete
limpa : projéteis, queimaduras, fratura-luxação exposta
fechada
compressão – isquemia : pressão pós anestesia, síndrome de compartimento
tração - isquemia :luxação por fratura
térmica : queimadura elétrica
irradiação : neurite por irradiação
injeção : bloqueio anestésico, caterização intravenosa ou intra-arterial
Classificação
Neuropraxia
bloqueio da condução nervosa
sem interrupção do axônio
estrutura ± intacta
recuperação após remoção da causa
Axonotmese
corte transversal no axônio
degeneração Walleriana
tecidos conjuntivos ± intacto
regeneração espontânea
Neurotmese
todo o tronco nervoso é seccionado
degeneração Walleriana
não ocorre recuperação espontânea
reparo cirúrgico é necessário
POLINEUROPATIA
Definição
A polineuropatia é uma disfunção simultânea de muitos nervos periféricos de qualquer ponto do organismo
Classificação
Adquiridas
metabólicas : diabetes, alcoolismo, nefropatia
inflamatórias (aguda) : Guillain-Barré, Polineuropatia desmielinizante inflamatória crônica
fármacos / toxinas
doenças oncológicas
infecção : HIV, difteria, hanseníase
Hereditárias
Neuropatia motora e sensorial ou Doença de Charcot-Marie-Tooth (atrofia muscular fibular)
defeito metabólico desconhecido
Tipo I forma desmielinizante
Tipo II distúrbio axonal
Neuropatia sensorial
defeito metabólico desconhecido
Porfiria
defeito metabólico conhecido
SÍNDROME DE GUILLAIN-BARRÉ
é uma forma de polineuropatia aguda, rapidamente progressiva, caracterizada por uma inflamação e desmielinização de fibras sensoriais e motoras periféricas
déficit motor progressivo (geralmente ascendente), de instalação aguda
a causa deve-se, provavelmente, a uma reação auto-imune (o sistema imune ataca a bainha da mielina)
80 % dos casos, os sintomas iniciam-se entre 5 dias e 3 semanas após uma perturbação infecciosa virais, uma intervenção cirúrgica ou uma vacinação
Sintomas
parestesias 1º sintoma
déficit força simétrico : MsIs MsSs
arreflexia sinal precoce
comprometimento dos músculos faciais e mastigação são comum
10% músculos respiratórios VM
Incidência
todas as idades
sem predomínio de sexo
3:100.000 / ano
Prognóstico
piora progressiva por 2-3 semanas
mortalidade de 3%
75% recuperação funcional completa
- ⅓ melhora na 1ª quinzena
- ⅓ melhora no 1º mês
- maioria no 2º mês
Mac Donald et Al,2000
Diagnóstico
Os médicos devem diagnosticar a doença baseando-se no padrão dos sintomas, dado que não há qualquer exame laboratorial específico da síndrome de Guillain-Barré
Com o objetivo de afastar outras possíveis causas de debilidade profunda, são efetuados diversos exames, como a análise do líquido cefalorraquidiano da medula espinhal (obtido através de uma punção lombar), eletromiografia, estudos da condução nervosa e análises de sangue
Tratamento
Plasmaférese processo de filtragem do plasma sangüínea para a remoção dos anticorpos circulantes responsáveis pelo ataque às células de Schwann
Depois de uma melhoria inicial, aproximadamente 10 % dos doentes têm recidivas e desenvolvem umapolineuropatia crónica recidivante.
POLINEUROPATIA ALCOÓLICA
é uma forma de neuropatia metabólica, onde a desmielinização ocorre em poucas semanas, atinge pico no final desse período e tem duração variável
ocorre em 9% dos pacientes etilistas
fatores importantes: abuso de álcool e déficit nutricional
Sintomas
sinais motores e sensitivos concomitantes e simétricos
déficit motor é mais importante distalmente
sensibilidade superficial e profunda bota e luva
associada a outras manifestações relacionadas ao alcoolismo anemia, insuficiência hepática, degeneração cerebelar
POLINEUROPATIA DIABÉTICA
ocorre como complicação da diabetes (tipo I e II)
axônios e mielinas são lesados
15% dos pacientes com diabetes tem sinais e sintomas de neuropatia
- 7,5% na descoberta da diabetes
- 50% após 25 anos de doença
Sintomas
parte distal mais envolvida que a proximal
dormência, dor, parestesia, disestesia
problemas de equilíbrio e coordenação (decorrentes aos déficits sensoriais) e fraqueza
Classificação
Polineuropatia simétrica Polineuropatia sensitiva ou sensitivomotora, Polineuropatia motora aguda ou subaguda, Neuropatia autonômica
Polineuropatia sensitiva ou sensitivomotora
é a mais freqüente
comum iniciar após de instituição de insulina ou hipoglicemiantes orais
Sintomas : perda de reflexo aquiliano, dormência ou parestesia nos pés, dor em MsIs (piora a noite), anidrose e pele seca
casos graves: ataxia, perda de sensibilidade profunda
Neuropatia focal e multifocal Neuropatia de nervos cranianos, Mononeuropatia de tronco e membros, Neuropatia motora proximal
Incidência
todas as idades
sem predomínio de sexo
54:100.000/ano
Prognóstico
estável ou progressiva
Mac Donald et Al,2000
Diagnóstico
LCR : proteínas
eletromiografia: da velocidade de condução e sinais de desnervação
Tratamento
manutenção da glicemia
NEUROPATIA ASSOCIADA Á INFECÇÃO DO HIV
é 5 – 20% dos pacientes com HIV
estagio inicial polineuropatia desmielinizante inflamatória polirradiculoneurite aguda ou crônica
evolução benigna
espontânea ou emprego de corticoesteróide ou plasmaférese
estágio mais avançado polineuropatia sensitiva distal disestesia
AVALIAÇÃO E TRATAMENTO FISIOTERAPÊUTICO
Fase Hospitalar
Polineuropatias e mononeuropatias em geral:
Avaliação
tônus muscular lesão completa
sensibilidade estesiômetro
dor
força muscular
trofismo
ADM
equilíbrio decorrente da fraqueza muscular e alteração sensitiva
mobilidade funcional (ênfase marcha se comprometimento em MsIs)
Tratamento
Vai depender da classificação
Objetivos:
analgesia
manutenção/ aumento de força muscular / ADM
evitar/amenizar hipotrofia
amenizar complicações circulatórias (edema)
manter e melhorar ao máximo mobilidade funcional e independência
evitar complicações respiratórias
evitar complicações circulatórias
evitar deformidades osteomusculares
readaptar marcha
adaptações funcionais
SÍNDROME DE GUILLAIN-BARRÉ
Avaliação
tônus muscular lesões graves
sensibilidade estesiômetro
força muscular distais
ADM
musculatura respiratória
Tratamento
Existe duas fases de tratamento
1ª Fase :Objetivo
evitar deformidades osteomusculares
complicações respiratórias e circulatórias
2ª fase
aumentar força muscular cuidar com fadiga
melhorar mobilidade funcional e independência
(Demais, repete os das outras polineuropatias)
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
GREENBERG, David A. Neurologia Clínica. 2ª Ed., Porto Alegre: Artes Médicas, 1996
MacDONALD,B.K.; COCKERELL, O. C., SANDER, J.W.,& SHORON, S.D.The incidence and lifetime prevalence of neuological disirders in a prospective community-basedstudy in the UK (see Comments). Brain, 123 (4), 665-676, 2000
NITRINI, R. A Neurologia que todo o médico deve saber.
ROLAND, Lewis P. Merrit – Tratado de Neurologia. 10a Ed.,Rio de Janeiro : Guanabara Koogan S.A.,2002.
STOKE, Maria. Neurologia para fisioterapeutas. São Paulo : Editorial Premier, 2000.
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