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sexta-feira, 12 de agosto de 2011

Polineuropatia

LESÃO NERVOSA PERIFÉRICA

CIRCUITO MÚSCULO-CÉREBRO

Os nervos estão conectados e comunicam seus sinais através de sinapses. O movimento de um músculo envolve duas vias nervosas complexas: a via nervosa sensitiva até o cérebro e a via nervosa motora até o músculo. Esse circuito é composto por doze etapas básicas, as quais são indicadas a seguir.



  1. Os receptores sensitivos da pele detectam as sensações e transmitem um sinal ao cérebro.

  2. O sinal é transmitido ao longo de um nervo sensitivo até a medula espinhal.

  3. Uma sinapse na medula espinhal conecta o nervo sensitivo a um nervo da medula espinhal.

  4. O nervo cruza para o lado oposto da medula espinhal.

  5. O sinal é transmitido e ascende pela medula espinhal.

  6. Uma sinapse no tálamo conecta a medula espinhal às fibras nervosas que transmitem o sinal até o córtex sensitivo.

  7. O córtex sensitivo detecta o sinal e faz com que o córtex motor gere um sinal de movimento.

  8. O nervo que transmite o sinal cruza para o outro lado, na base do cérebro.

  9. O sinal é transmitido para baixo pela medula espinhal.

  10. Uma sinapse conecta a medula espinhal a um nervo motor.

  11. O sinal prossegue ao longo do nervo motor.

  12. O sinal atinge a placa motora, onde ele estimula o movimento muscular

DEFINIÇÃO:

  • A neuropatia periférica (lesão de um nervo periférico) é uma síndrome caracterizada por uma disfunção dos nervos periféricos

ALTERAÇÕES:

  • perda da sensibilidade

  • atrofia musculares

  • alteração do funcionamento dos órgãos internos

MONONEUROPATIA

Definição

 conseqüência de uma lesão localizada num único nervo periférico

Causas

  • aberta

  • suja : faca, vidro ou estilete

  • limpa : projéteis, queimaduras, fratura-luxação exposta

  • fechada

  • compressão – isquemia : pressão pós anestesia, síndrome de compartimento

  • tração - isquemia :luxação por fratura

  • térmica : queimadura elétrica

  • irradiação : neurite por irradiação

  • injeção : bloqueio anestésico, caterização intravenosa ou intra-arterial

Classificação

  • Neuropraxia

  • bloqueio da condução nervosa

  • sem interrupção do axônio

  • estrutura ± intacta

  • recuperação após remoção da causa

  • Axonotmese

  • corte transversal no axônio

  • degeneração Walleriana

  • tecidos conjuntivos ± intacto

  • regeneração espontânea

  • Neurotmese

  • todo o tronco nervoso é seccionado

  • degeneração Walleriana

  • não ocorre recuperação espontânea

  • reparo cirúrgico é necessário

POLINEUROPATIA

Definição

 A polineuropatia é uma disfunção simultânea de muitos nervos periféricos de qualquer ponto do organismo

Classificação

  • Adquiridas

  • metabólicas : diabetes, alcoolismo, nefropatia

  • inflamatórias (aguda) : Guillain-Barré, Polineuropatia desmielinizante inflamatória crônica

  • fármacos / toxinas

  • doenças oncológicas

  • infecção : HIV, difteria, hanseníase

  • Hereditárias

  • Neuropatia motora e sensorial ou Doença de Charcot-Marie-Tooth (atrofia muscular fibular)

  • defeito metabólico desconhecido

  • Tipo I  forma desmielinizante

  • Tipo II  distúrbio axonal

  • Neuropatia sensorial

  • defeito metabólico desconhecido

  • Porfiria

  • defeito metabólico conhecido

SÍNDROME DE GUILLAIN-BARRÉ

  • é uma forma de polineuropatia aguda, rapidamente progressiva, caracterizada por uma inflamação e desmielinização de fibras sensoriais e motoras periféricas

  • déficit motor progressivo (geralmente ascendente), de instalação aguda

  • a causa deve-se, provavelmente, a uma reação auto-imune (o sistema imune ataca a bainha da mielina)

  • 80 % dos casos, os sintomas iniciam-se entre 5 dias e 3 semanas após uma perturbação infecciosa virais, uma intervenção cirúrgica ou uma vacinação

Sintomas

  • parestesias  1º sintoma

  • déficit força simétrico : MsIs  MsSs

  • arreflexia sinal precoce

  • comprometimento dos músculos faciais e mastigação são comum

  • 10% músculos respiratórios  VM

Incidência

  • todas as idades

  • sem predomínio de sexo

  • 3:100.000 / ano

Prognóstico

  • piora progressiva por 2-3 semanas

  • mortalidade de 3%

  • 75% recuperação funcional completa

- ⅓ melhora na 1ª quinzena

- ⅓ melhora no 1º mês

- maioria no 2º mês

Mac Donald et Al,2000

Diagnóstico

  • Os médicos devem diagnosticar a doença baseando-se no padrão dos sintomas, dado que não há qualquer exame laboratorial específico da síndrome de Guillain-Barré

  • Com o objetivo de afastar outras possíveis causas de debilidade profunda, são efetuados diversos exames, como a análise do líquido cefalorraquidiano da medula espinhal (obtido através de uma punção lombar), eletromiografia, estudos da condução nervosa e análises de sangue

Tratamento

  • Plasmaférese  processo de filtragem do plasma sangüínea para a remoção dos anticorpos circulantes responsáveis pelo ataque às células de Schwann

 Depois de uma melhoria inicial, aproximadamente 10 % dos doentes têm recidivas e desenvolvem umapolineuropatia crónica recidivante.

POLINEUROPATIA ALCOÓLICA

  • é uma forma de neuropatia metabólica, onde a desmielinização ocorre em poucas semanas, atinge pico no final desse período e tem duração variável

  • ocorre em 9% dos pacientes etilistas

  • fatores importantes: abuso de álcool e déficit nutricional

Sintomas

  • sinais motores e sensitivos concomitantes e simétricos

  • déficit motor é mais importante distalmente

  • sensibilidade superficial e profunda  bota e luva

  • associada a outras manifestações relacionadas ao alcoolismo  anemia, insuficiência hepática, degeneração cerebelar

POLINEUROPATIA DIABÉTICA

  • ocorre como complicação da diabetes (tipo I e II)

  • axônios e mielinas são lesados

  • 15% dos pacientes com diabetes tem sinais e sintomas de neuropatia

- 7,5% na descoberta da diabetes

- 50% após 25 anos de doença

Sintomas

  • parte distal mais envolvida que a proximal

  • dormência, dor, parestesia, disestesia

  • problemas de equilíbrio e coordenação (decorrentes aos déficits sensoriais) e fraqueza

Classificação

  • Polineuropatia simétrica  Polineuropatia sensitiva ou sensitivomotora, Polineuropatia motora aguda ou subaguda, Neuropatia autonômica

  • Polineuropatia sensitiva ou sensitivomotora

  • é a mais freqüente

  • comum iniciar após de instituição de insulina ou hipoglicemiantes orais

  • Sintomas : perda de reflexo aquiliano, dormência ou parestesia nos pés, dor em MsIs (piora a noite), anidrose e pele seca

  • casos graves: ataxia, perda de sensibilidade profunda

  • Neuropatia focal e multifocal  Neuropatia de nervos cranianos, Mononeuropatia de tronco e membros, Neuropatia motora proximal

Incidência

  • todas as idades

  • sem predomínio de sexo

  • 54:100.000/ano

Prognóstico

  • estável ou progressiva

Mac Donald et Al,2000

Diagnóstico

  • LCR :  proteínas

  • eletromiografia:  da velocidade de condução e sinais de desnervação

Tratamento

  • manutenção da glicemia

NEUROPATIA ASSOCIADA Á INFECÇÃO DO HIV

  • é 5 – 20% dos pacientes com HIV

  • estagio inicial  polineuropatia desmielinizante inflamatória  polirradiculoneurite aguda ou crônica

  • evolução benigna

  • espontânea ou emprego de corticoesteróide ou plasmaférese

  • estágio mais avançado  polineuropatia sensitiva distal  disestesia

AVALIAÇÃO E TRATAMENTO FISIOTERAPÊUTICO

Fase Hospitalar

Polineuropatias e mononeuropatias em geral:

  • Avaliação

  • tônus muscular  lesão completa

  • sensibilidade  estesiômetro

  • dor

  • força muscular

  • trofismo

  • ADM

  • equilíbrio decorrente da fraqueza muscular e alteração sensitiva

  • mobilidade funcional (ênfase marcha se comprometimento em MsIs)

  • Tratamento

  • Vai depender da classificação

  • Objetivos:

  • analgesia

  • manutenção/ aumento de força muscular / ADM

  • evitar/amenizar hipotrofia

  • amenizar complicações circulatórias (edema)

  • manter e melhorar ao máximo mobilidade funcional e independência

  • evitar complicações respiratórias

  • evitar complicações circulatórias

  • evitar deformidades osteomusculares

  • readaptar marcha

  • adaptações funcionais

SÍNDROME DE GUILLAIN-BARRÉ

  • Avaliação

  • tônus muscular  lesões graves

  • sensibilidade  estesiômetro

  • força muscular  distais

  • ADM

  • musculatura respiratória

  • Tratamento

  • Existe duas fases de tratamento

  • 1ª Fase :Objetivo

  • evitar deformidades osteomusculares

  • complicações respiratórias e circulatórias

  • 2ª fase

  • aumentar força muscular  cuidar com fadiga

  • melhorar mobilidade funcional e independência

(Demais, repete os das outras polineuropatias)

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

GREENBERG, David A. Neurologia Clínica. 2ª Ed., Porto Alegre: Artes Médicas, 1996

MacDONALD,B.K.; COCKERELL, O. C., SANDER, J.W.,& SHORON, S.D.The incidence and lifetime prevalence of neuological disirders in a prospective community-basedstudy in the UK (see Comments). Brain, 123 (4), 665-676, 2000

NITRINI, R. A Neurologia que todo o médico deve saber.

ROLAND, Lewis P. Merrit – Tratado de Neurologia. 10a Ed.,Rio de Janeiro : Guanabara Koogan S.A.,2002.

STOKE, Maria. Neurologia para fisioterapeutas. São Paulo : Editorial Premier, 2000.

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